Paradoxos bem construídos fazem melhores marcas, concordamos?
Sabes aquelas palavras que aparecem em todos os produtos de skincare? Anti-idade,revitalizante, pele perfeita…
Termos que prometem mundos e fundos, mas que raramente dizem alguma coisa com base real. Pois bem. Na sua nova campanha, a marca The Ordinary decidiu fazer aquilo que a maioria não arrisca: expor o absurdo.
Mas esta campanha não é só uma provocação. É posicionamento puro. E vale a pena analisá-lo com atenção.
A Campanha The Ordinary que Mata Promessas Bonitas
Na campanha The Periodic Fable, a marca criou uma tabela periódica fictícia com 49 termos “mágicos” que são largamente usados pela indústria e que muitas vezes não significam… nada!
No centro da campanha está um filme com uma estética densa, meio clínica, meio seita, com ecos de The Handmaid’s Tale. Um espaço sombrio, onde se repetem rituais de beleza absurdos e expressões vazias — como se a fé no marketing fosse mais importante do que os factos.
Esta não é só uma provocação criativa. É uma chamada de atenção. É branding com espinha dorsal.
Como assim Branding com Espinha Dorsal?
Mais do que uma crítica ao sector da cosmética, esta acção é uma resposta inteligente ao marketing manipulado, à desinformação científica e ao consumo desinformado.
A The Ordinary não diz apenas: nós não usamos estas palavras. Diz sim: Estas palavras foram feitas para te enganar. E nós estamos aqui para te ajudar a pensar.
É uma marca a posicionar-se como aliada do consumidor e não como cúmplice de um sistema que transforma inseguranças em oportunidades de venda.
Esta campanha é uma lição a refletir
Este movimento deixa pistas valiosas para qualquer marca com ambição de ter impacto real (são as nossas marcas preferidas):
- Estás a dizer algo com substância ou só a usar palavras bonitas?
- Usas os termos do teu sector sem questionar o que significam?
- Que promessas estás a fazer e consegues mesmo cumpri-las?
- A tua estética reforça o teu posicionamento… ou mascara-o?
-
Que tipo de verdade a tua marca tem coragem de contar, mesmo que seja incómoda?
Podemos ir mais além nesta reflexão. Será que este marketing de buzzwords vai continuar a resultar? Dificilmente. Segundo a Forbes, a nova geração de consumidores – Gen Z -“é conhecida pela sua consciência social, estando mais inclinados para marcas que prioritizam a autenticidade, transparência e responsabilidade social”.
Concluindo…
Num mercado onde quase toda a gente escolhe “parecer” em vez de “ser”, a The Ordinary escolheu mostrar o que sabe, e o que muitos preferem esconder.
Fez do desconforto uma linguagem visual. E da transparência, uma ferramenta de diferenciação brutal.
👉 O consumidor de hoje não precisa de mais brilhos e glitter nas mensagens que lhe chegam, precisa de clareza e de confiança. De marcas que tratem a inteligência e transparência como aliadas e não como obstáculos à venda.