Nos últimos anos, o minimalismo emergiu como uma tendência dominante no design com as suas linhas simples, estética elegante e abordagem sem ambição, que cativaram o público e as marcas em diversos setores- marcas de luxo que procuravam transmitir uma imagem mais moderna.
No entanto, no meio deste fascínio pela simplicidade, há um elemento que muitas vezes passa despercebido: a personalidade. Um exemplo recente desse fenómeno está presente no rebranding de marcas de moda icónicas, como Yves Saint Laurent e Balenciaga, onde elas adotaram uma nova identidade que é notavelmente similar na sua abordagem minimalista.
A QUESTÃO QUE SURGE É: QUANDO É QUE O MINIMALISMO DEIXA DE SER EFICAZ E COMEÇA A COMPROMETER A IDENTIDADE ÚNICA DE UMA MARCA?
Embora o minimalismo tenha, sem dúvida, os seus méritos – uma estética limpa e simplificada, que reduz a desordem e transmite uma sensação de sofisticação – no entanto, quando aplicado de forma excessiva ou indiscriminada, pode levar à homogeneização das marcas, tornando-as indistinguíveis umas das outras.
E todos sabemos como neste cenário hipercompetitivo de hoje, destacarmo-nos é fundamental.
O novo logótipo da Yves Saint Laurent é um exemplo intrigante desse fenómeno. Ao substituir o icónico “YSL” por “Saint Laurent Paris” através de uma fonte minimalista, ou seja, a marca optou por uma abordagem mais simplificada. Enquanto isso, a Balenciaga também adotou uma estética semelhante no seu novo logótipo, abandonando o estilo clássico em favor de uma fonte mais básica.
Embora essas mudanças possam ser interpretadas como uma tentativa de se adaptar às tendências contemporâneas, também levantam questões sobre a perda da distinção das marcas. A personalidade única e o legado histórico estão claramente a perder-se com esta nova tendência.
Sim, nestes casos, são marcas já bastante reconhecidas, mas qual é o impacto deste estilo de design em marcas emergentes?
Hoje em dia a atenção é disputada ferozmente, e o design é uma das primeiras interações que os consumidores têm com uma marca. Portanto, para marcas que estão numa fase em que ainda estão a traçar o seu caminho de autoridade na sua área de atuação – o design desempenha um papel crucial na definição da identidade e na criação de uma conexão com o público-alvo.
Porque, quando o design torna-se mais do mesmo, pode tornar-se um obstáculo significativo para a construção da autoridade e reconhecimento da marca.
COMO QUERES QUE SEJA A PRIMEIRA IMPRESSÃO DA TUA MARCA? IMPACTANTE OU DESPERCEBIDA?
É crucial investir no desenvolvimento de um design que capture a essência da marca e a diferencie da concorrência. Mas isso requer uma compreensão profunda dos valores e missão, bem como uma abordagem criativa e inovadora para expressá-los visualmente.
A chave está em encontrar um equilíbrio entre a modernização e a preservação da identidade única da marca, porque a personalidade distintiva de uma marca é o que a torna memorável e cativante. Mas é importante lembrar que o minimalismo não deve vir à custa da individualidade e da originalidade.
E uma marca com história não se deve esconder atrás de um design simplista, sem personalidade.
Elas devem destacar-se, sair do comum para o extraordinário.